sábado, 27 de junho de 2009


[ Amor Vincit Omnia, é uma frase latina da autoria de Virgilio, que significa ' O amor vence tudo' . ]



Breve...



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quarta-feira, 3 de junho de 2009

Ronaldo Názario. (L)


A genialidade é exposta conforme a exigência. Muitos almejam conceber algo genial e realmente o fazem. No entanto, alguns privilegiados gozam de talentos incomparáveis, e em casos assim, a concepção do gênio muda de figura, pois se mostra espontaneamente.
Assim é Ronaldo Luis Nazário de Lima, uma das personalidades mais aclamadas da história do esporte mais popular do planeta.
Ainda garoto, Ronaldo já começava a chamar a atenção para si. Com uma habilidade incomum, o então franzino atacante do Cruzeiro de Belo Horizonte despontava para o mundo da bola, era uma das maiores promessas de um país com um histórico inigualável no futebol. Vivíamos uma fase complicada para o surgimento de um novo craque, afinal, desde a era Pelé o Brasil não conquistava uma Copa do Mundo. Gerações de jogadores formidáveis como Zico, Junior, Falcão, Sócrates entre outros, tentaram em vão levar o Futebol Brasileiro ao topo.
Estávamos em 1994, ano em que a Copa seria disputada nos EUA, um país com pouquíssima tradição em um esporte que o brasileiro tem como paixão inquestionável. Tudo parecia mais uma vez conspirar contra a Seleção Canarinho. O Brasil pela primeira vez correu riscos de não se classificar a um Mundial, sendo salvo nas últimas partidas das eliminatórias por um baixinho que respondia pelo nome de Romário, o mesmo que meses depois seria coroado como o melhor jogador do mundo daquele ano.
Tínhamos um bom time, mas em toda a história das Copas nosso plantel nunca havia sido considerado tão comum. A desconfiança era generalizada, torcedores, imprensa e personagens do universo futebolístico anteviam mais um fracasso verde-amarelo. Em meio a este turbilhão de incertezas, a convocação do time que carregaria o sonho de milhões de brasileiros revelou um surpreendente chamado de Parreira, um menino de apenas dezessete anos, que respondia pelo apelido diminutivo de seu nome, “Ronaldinho”.
Mostrando-se predestinado, mesmo sem entrar em campo Ronaldo participou de um elenco que quebraria todas as lógicas e previsões existentes, conquistando o Tetracampeonato Mundial de Futebol após trinta e quatro anos de jejum. Esta seria a primeira de muitas ocasiões em que o camisa 9 daria a volta por cima em sua carreira, contudo, em todas as demais, Ronaldo o faria sozinho!
Após a Copa do Mundo, nosso personagem começou sua jornada pelo continente europeu. Jogando pelo PSV da Holanda, Ronaldinho confirmava a sua intimidade com as redes, sagrando-se artilheiro do campeonato holandês. Tantas belas exibições logo o levaram ao Barcelona, clube pelo qual o brasileiro atuou por dois anos, sendo reconhecido como o melhor jogador do mundo por duas vezes consecutivas (1996-1997). A impressionante marca de 0,92 gols por partida pelo time Catalão, somada ao fato de ter vencido um Mundial de seleções logo aos 17 anos, tornaram inevitáveis as comparações com Pelé, algo que se tornou uma constante em toda a sua carreira.
A magia dos gols de Ronaldo corria o mundo e, ainda em 1997, o jogador foi contratado pela Internazionale de Milão, clube onde também se consagrou como artilheiro, atingindo inclusive a melhor média de gols de um jogador na história do Campeonato Italiano. O craque era uma unanimidade no mundo do futebol, e nesta época foi-lhe atribuído o apelido de Fenômeno.
Chegamos ao Mundial de 1998 com a toda esperança da conquista do Penta depositada em suas mãos. Mas desta vez o destino pregaria uma peça no atacante (a primeira de muitas ao longo de sua trajetória futebolística). Pouco antes da final da Copa, que fora disputada contra a França (sede do Mundial), Ronaldo teve uma grave crise convulsiva. O fato pareceu ter abalado todo o time, e mesmo com a presença do jogador em campo, o Brasil não se encontrou na partida e acabou derrotado por 3 a 0. Vendo o sonho de campeão escapar-lhe por entre os dedos, Ronaldo deixou de sorrir naquele dia, toda a nação brasileira parecia acompanhá-lo.
Após este primeiro duro golpe, em 1999 uma séria contusão no joelho afastou o craque dos gramados. O Fenômeno ainda tentou retornar ao futebol em 2000, mas um agravamento da contusão o tirou de ação por aproximadamente dois anos. Depois de duas cirurgias e um longo período de recuperação, muitos davam como certo o fim da carreira do atacante, poucos acreditavam que ele poderia voltar a jogar futebol. Mas contrariando todos os prognósticos negativos, o Fenômeno não só voltou como comandou o Brasil na excepcional conquista do Pentacampeonato Mundial de 2002, emocionando o mundo todo. Mostrando um belíssimo futebol, Ronaldo foi artilheiro e destaque da Copa do Mundo, o que o levaria a receber o prêmio de melhor jogador do ano pela terceira vez (1996-1997-2002).
Após o Mundial, o Fenômeno ainda viveu bons momentos no Real Madrid, conquistou títulos e defendeu a camisa merengue durante quase cinco temporadas. Na Copa de 2006, Ronaldo foi mais uma vez protagonista de uma seleção de estrelas. Na companhia de Ronaldinho Gaucho, Kaká e Adriano, o craque ainda conquistou o posto de maior artilheiro da história das Copas, mas o Brasil veio a ser derrotado nas quartas-de-final pela Seleção Francesa, seu algoz da Copa de 1998.
Em 2007, Ronaldo retornou à Itália para atuar pelo Milan. Visivelmente distante de sua melhor forma física, o Fenômeno alternou boas atuações com longos períodos de afastamento, até que uma nova contusão no joelho, logo no início de 2008, parecia decretar o fim da carreira deste grande jogador.
Um ano depois, e após muito se falar em sua vida pessoal, Ronaldo foi contratado para atuar pelo Corinthians, fato que gerou polêmica em toda a imprensa internacional. Com o joelho aparentemente curado, o desafio seria voltar à forma física ideal, algo que a grande maioria acreditava jamais acontecer, ainda apontando o retorno do jogador aos gramados como apenas uma jogada de marketing do clube alvinegro.
Enfim, em pouco mais de três meses de recuperação, o Fenômeno outra vez mostra ao mundo que sua história é de um vencedor, de um gênio, e acima de tudo de um ser humano incontestavelmente iluminado…
Neste exato momento, após marcar oito gols em dez partidas disputadas, e de pronto assumir o posto de um dos maiores ídolos da história de uma torcida como a do Corinthians, tento imaginar quais seriam as palavras do craque para todos que o viam como um ex-atleta… Talvez algo muito parecido com isso:

“Muito prazer, eu sou Ronaldo.”

Texto de: Arthur Souto Mayor.